Virando o século
Virando o século
Abre Alas de 2009 (Fonte: Liesa)
Neste início do Século XXI, a Portela, maior campeã da história do carnaval carioca, com 22 campeonatos, se revitaliza para aumentar sua galeria de conquistas.
Em 2004, a Portela reeditou “Lendas e Mistérios da Amazônia”, adaptando-o aos “novos tempos”: novo regulamento, cronometragem, novo local de desfile, etc. Foi um desfile emocionante tanto para aqueles que desfilaram em 1970, quanto para os que nem tinham nascido naquele ano. De fato, foi mais um ótimo desfile que não teve uma avaliação apropriada dos jurados. Muitos apóiam que a Portela mereceria voltar no sábado para o desfile das campeãs.
Politicamente, em julho de 2004, após mais de 30 anos, escola realizou pleito para escolha de seu novo presidente. Duas chapas concorreram: Marco Aurélio Fernandes, considerado da situação; e Nilo Mendes Figueiredo, da oposição, que foi o vencedor.
O desfile de 2005 guarda lembranças tristes para todos os portelenses. No primeiro carnaval da nova administração uniu planejamento equivocado, azar e gigantismo. Dias antes do desfile, um incêndio danificou algumas alegorias da escola no barracão, cujos trabalhos já estavam bem atrasados. No dia do desfile, um problema no encaixe das asas da águia atrasou o início do desfile da escola. Como resultado, a águia do abre-alas entrou sem as asas, o desfile foi desorganizado e algumas alas como Velha-Guarda, compositores e crianças não desfilaram oficialmente porque os portões foram fechados para evitar que a escola perdesse pontos por cronometragem (nesse ano, perdia-se 0,1 por minuto excedido). Na opinião de muitos, a Portela não desfilou em 2005 porque seus grandes símbolos simplesmente não passaram no cortejo oficial. No resultado, a escola ficou na 13ª colocação, o pior resultado de toda a sua história.
Paralelamente, a Velha Guarda seguiu fazendo cada vez mais sucesso, tendo lançado, em 2001, um CD produzido pela cantora Marisa Monte e que reuniu músicas inéditas, verdadeiras pérolas de nossos compositores. Ao mesmo tempo, a escola abre as portas para os jovens, promovendo a fusão entre as diversas gerações portelenses.
2007 (Fonte: O Dia)
A partir de 2006, a escola foi se organizando melhor e, ano após ano, foi melhorando seus resultados, ganhando maior regularidade. Mesmo com enredos politicamente corretos na opinião da mídia carnavalesca em geral, a escola, aliado a um processo paulatino de rejuvenescimento nos seus segmentos (sem abrir mão da experiência dos veteranos), obteve posições melhores e, digamos, mais condizentes com a sua história. Em 2007, a Portela ficou em 8º lugar; em 2008, 4º; e em 2009, 3º lugar.
A escola parece estar se encontrando de novo com o campeonato e, talvez, a aliança entre tradição e modernidade seja o grande trunfo para isso. É com orgulho do passado que a Águia levanta vôo rumo ao futuro, vendo no sorriso de nossas crianças os sonhos de Paulo, Natal, Candeia e todos os baluartes que pavimentaram, sobre lágrimas de dor e alegria, nossa trajetória.
No ambiente em que se encerra a Portela na sua origem, Oswaldo Cruz e Madureira mudaram muito nesses anos todos. Há muito os antigos currais e as ruas de barro desapareceram. Vieram os prédios, os cinemas, as galerias comerciais e o moderno Shopping Center. Mas uma coisa não mudou e nem mudará neste novo milênio: a vocação da Portela para fomentar a arte, a cultura e a música popular brasileira.
Bibliografia:
CABRAL, Sérgio. As escolas de samba do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Ed. Lumiar, 1996.
CANDEIA FILHO, Antônio & ARAÚJO, Isnard. Escola de samba – árvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro, Ed. Lidador, 1978.
GERSON, Brasil. História das ruas do Rio. Editora livraria brasiliana, Rio de Janeiro, 1965.
JÓRIO, Amaury & ARAÚJO, Hiran. Escolas de samba em desfile – vida, paixão e sorte. Rio de Janeiro, Poligráfica ed., 1969.
SILVA, Marília T. Barboza & SANTOS, Lygia. Paulo da Portela – traço de união entre duas culturas. Rio de Janeiro, Funarte, 1979.
VARGENS, João Baptista M.. Candeia, luz da inspiração. Rio de Janeiro, Martíns Fontes/Funarte, 1987.
VASCONCELOS, Francisco de. Império Serrano – O primeiro decênio 1947/1956. Rio de Janeiro, Ensaios de carnaval n. 2, 1991.