27/04/2024
Comissão de frenteSegmentos

Histórico sobre a CF

Histórico sobre a Comissão de Frente

Comissão de Frente, com Clara Nunes e Velha Guarda da Portela (1980)

A primeira manifestação carnavalesca a adotar um grupo denominado comissão de frente foram as grandes sociedades. Esse grupo era formado por rapazes, elegantemente vestidos, que montados a cavalo vinham à frente dos carros alegóricos saudando o público e os jurados.

A Portela foi a primeira escola que levou uma comissão de frente para a avenida. Chamava-se, na ocasião, “comissão de destaques”, e tinha a intenção de valorizar os componentes mais antigos, cuja idade avançada dificultava a participação em alas. A chamada “comissão de destaques” era formada por fundadores e colaboradores, que tinham a incumbência de apresentar a escola. Coube a Antônio Candeia, pai do famoso compositor Antônio Candeia Filho, a iniciativa de criar essa primeira comissão de frente de uma escola de samba.

Aos poucos as demais escolas começaram a adotar algum tipo de comissão para abrir as apresentações. Contudo, durante décadas, as comissões de frente viriam atrás dos abre-alas e pede-passagem que as escolas levavam para a avenida.

A Vizinha Faladeira, ainda na década de trinta, procurou inovar, trazendo as comissões em limousine e montadas a cavalo, como nas grandes sociedades. Contudo, apesar das inovações da escola do Santo Cristo terem dado resultado em 1937, quando saiu vitoriosa, o regulamento de 1938, o primeiro a reconhecer a existência das comissões, proibiu a utilização de elementos estranhos à cultura das escolas de samba, determinando os rumos que o carnaval seguiria a partir de então.

Se nas primeiras décadas as comissões eram constituídas tendo como modelo a comissão original da Portela, ou seja, composta pelos componentes que tivessem representatividade para apresentar a escola, já na década de 60 algumas agremiações procurariam fugir desse modelo tradicional.

 

Comissão de Frente da Portela em 2018

 

Hoje, embora o regulamento ainda permita, esse modelo original foi praticamente esquecido. Cada comissão de frente constitui-se em um show à parte, com cada escola querendo superar em criatividade suas oponentes, ensaiando complexas coreografias e preparando belas fantasias.

Algumas comissões de frente polêmicas entraram para a história do carnaval carioca, como a comissão formada por astronautas, da Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1985, e a exclusivamente composta por mulheres grávidas, da Unidos Vila Isabel, em 1989.

A cada dia tornam-se mais comuns comissões de pernas-de-pau, que fazem acrobacias, saltos mortais e outras peripécias. Já estão marcadas na História comissões que zelam pela perfeição das coreografias, como as da Imperatriz Leopoldinense ao longo da década de 90, e as que comoveram o público, como a que revivia grandes nomes do samba, da Mangueira, em 1999.

As comissões de frente ainda estão em evolução, e esse espetáculo terá a cada ano um capítulo a mais para ser escrito.

Pesquisa e criação de texto: Fábio Pavão

Bibliografia:

ARAUJO, Hiram. Carnaval – Seis milênios de história. Rio de Janeiro, Gryphus, 2000.

CANDEIA FILHO, Antônio & ARAÚJO, Isnard. Escola de samba – árvore que esqueceu a raiz. Rio de Janeiro, Ed. Lidador, 1978.

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