27/04/2024
A Escola

Época de glórias

Da Guerra aos anos 60

Apresentação da Portela à Duquesa de Kent (Fonte: O Cruzeiro)

A década de 40 marcou época pelos “sete anos de glória”, ou seja, o heptacampeonato que a escola conquistou entre os anos de 1941 e 1947.

Os anos de guerra foram complicados para as escolas de samba, muitos não viam sentido em festejar o carnaval diante de tantos problemas que o mundo atravessava. Contudo, os desfiles de 1943 e 1945 foram realizados no Estádio de São Januário com temas nacionais idealizados pela União Nacional dos Estudantes e foram todos vencidos pela Portela.

A nota triste da década foi a briga entre Paulo da Portela e sua escola do coração, em 1941.

Mesmo afastado, Paulo da Portela demonstrou toda sua hombridade e dignidade ao receber o desenhista Walt Disney na quadra da escola em agosto de 1941. Como Disney foi acompanhado de seu desenhista oficial, muitos acreditam que o famoso papagaio Zé Carioca foi inspirado em algum sambista de Oswaldo Cruz. O sonho de que Paulo da Portela voltasse para a escola sempre esteve presente entre seus antigos amigos, mas, infelizmente, a morte precoce aos 48 anos, em 1949, acabou com todas as esperanças. Paulo, fundador e primeiro presidente da Portela, faleceu em sua humilde casa brigado com sua escola de coração.

 

Walt Disney, à direita, sentado ao centro, na quadra da Portela. À esquerda, agachado, Paulo da Portela (Fonte: Arquivo Nacional)

 

Em 1949, problemas políticos dividiram as escolas de samba em duas organizações, uma contando com a presença de uma nova força, o Império Serrano, e outra com as duas superpotências: Portela e Mangueira.

A década de 50 começa com as escolas ainda divididas e com o título portelense de 1951, ainda nessa situação. O grande confronto entre Portela e Império Serrano estava marcado para 1952, ano da união entre as entidades e da tão esperada reconciliação no mundo do samba, mas algumas escolas conseguiram anular o concurso devido às fortes chuvas que motivaram a ausência da comissão julgadora.

O esperado confronto ficou para 1953, e a Portela se apresentou brilhantemente com um belo samba do estreante Antonio Candeia Filho e seu parceiro Altair Prego. O resultado não poderia ser outro: Portela campeã! Mais do que isso, nota 10 em todos os quesitos, um desfile perfeito.

Em agosto de 1955, a Portela deixa sua apertada sede na Estrada do Portela 382, instalada numa vila cujo piso era de pixe, conhecida como “Barra Preta”. Os quartinhos ali instalados eram de propiedade do português Sérgio Hermógenes, que gostava do pessoal da Portela e contratava-os para animar as vendas na entrada da sua quitanda. Nessa vila residiu Antonio Caetano. A nova sede da Portela continuou na Estrada da Portela, mas no número 446. Era uma casa com terreiro de terra batida.

 

O “Correio da Manhã” de 11 de agosto de 1955 publica a inauguração da nova sede da Portela

 

A década termina com o tetracampeonato de 1957, 1958, 1959 e 1960. Natal há muito se firmara como grande líder e patrono da escola. Graças a ele, a Portela se apresentou em 1959 no Palácio do Itamaraty para a Duquesa de Kent (foto). A família real de Luxemburgo também foi recebida pela Portela em sua antiga quadra. Definitivamente, a Portela já era uma escola internacional.

Nos anos 60, a Portela venceu os carnavais de 1960, já mencionado, 1962, 1964 e 1966. Destaque especial para este último ano, cujo enredo “Memórias de um Sargento de Milícias” foi contado por um belo samba de Paulinho da Viola, o único de autoria deste grande compositor defendido pela Portela na avenida.

Nesta década a Portela passa a realizar seus ensaios também no ginásio do Botafogo, fato que contribuiu para o aumento de sua imensa popularidade. O carnaval, durante a década de 60, iniciava um grande e inevitável movimento de transformação que resultaria, anos mais tarde, no gigantesco espetáculo do sambódromo.

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