Carnavalescos da Portela
Carnavalescos da Portela
Lino Manoel na década de 50
Se a Portela, através de Antonio Caetano, foi a primeira escola que se preocupou em demonstrar visualmente o enredo, ao longo de sua história os artistas portelenses determinaram os rumos que as escolas de samba tomariam.
Auxiliando Caetano desde os primeiros desfiles, Juca e Candinho completavam a equipe de artistas da azul-e-branco. Juca, com a valiosa experiência adquirida nos ranchos, trouxe importantes ensinamentos para o grupo.
Lino Manuel dos Reis passou a fazer parte da equipe em 1933, e, após a saída de Caetano, tornou-se o principal responsável pelo barracão portelense. Mesmo pouco lembrando, Lino é um dos principais artistas do carnaval carioca. Foi sua a concepção da primeira alegoria com movimentos de uma escola de samba, um globo terrestre em 1935. Permaneceu à frente do barracão portelense até 1956, período em que a Portela conquistou nada menos que 11 campeonatos. Mas Lino não trabalhou sozinho – contou com a ajuda de gente como Euzébio, Nô, Oreba, Arlindo Costa, Nilton, Paulinho, Pinduca, professor Batista e Viegas durante os mais de 20 anos em que coordenou a parte artística da Portela. Nesse período, a grande maioria dos enredos foi sua, mas alguns foram de Paulo da Portela e Armando Santos.
Depois de Lino, Djalma Vogue passou a ser responsável pelos trabalhos de barracão. Permaneceu até 1961, conquistou o tetracampeonato no final da década de 50 e contou com o auxílio de Joacir, Tenório Filho, Osvaldo Andrade, Nô, Nilton e Finfas.
Nelson Andrade, antigo presidente do Salgueiro, conhecedor das mudanças que a escola da Tijuca estava promovendo no carnaval, trouxe uma série de inovações para a Portela na década de 60. Foi o responsável pelos carnavais portelenses de 1962 a 1967, contando com a participação de Joacir, Viegas, Nilton, Finfas, Laurêncio Soares e Juvenal Portela. Nesse período a Portela conquistou 3 campeonatos.
Em 1968, João Ramos Macedo desenvolveu o enredo “O Tronco do Ipê”, que contou com a participação de Ubiratan Silva no barracão. Nos anos de 1969 e 1970, Clóvis Bornay, grande nome do carnaval carioca, foi o responsável pela organização do carnaval portelense, dividindo no último ano a responsabilidade com Arnaldo Paderneiras. O barracão contou com a participação de Jomar Soares e Iarema. Arnaldo Paderneiras e Iarema também foram responsáveis pelo carnaval de 1971.
Quando a maioria das escolas centralizou os poderes na figura do carnavalesco, a Portela delegou a um departamento cultural, liderado pelo médico e pesquisador Hiram Araújo, a tarefa de idealizar os enredos que seriam apresentados. Durante o período em que os carnavais foram preparados pelo departamento, Candeia, Cláudio Pinheiro, Maurício de Assis e Arnaldo Paderneiras auxiliaram Hiram no desenvolvimento dos temas. No barracão, artistas como João Ramos, Pinduca, Siloca, Ubiratan Assis, Cícero Del Nero, Iarema, Rosa Magalhães e Lícia Lacerda tornaram realidade as fantasias e as alegorias da Portela ao longo da década de 70.
Somente em 1979, a Portela centralizou o carnaval nas mãos de um carnavalesco. Foi Viriato Ferreira, antigo assistente de Joãzinho Trinta na Beija-Flor, que conquistou o título de 1980. Em 1982, a dupla Edmundo Braga e Paulino Espírito Santo substituiu Viriato, conquistando o campeonato de 1984.
Viriato Ferreira na década de 80
Em 1985, o jovem vice-presidente de ala Alexandre Louzada assumiu a responsabilidade de ser o carnavalesco da Portela, iniciando sua vitoriosa trajetória pelo carnaval carioca. Foi substituído em 1987 por Geraldo Cavalcanti, que assinou também o carnaval seguinte.
Sílvio Cunha esteve à frente do carnaval portelense entre 1989 e 1992. Mário Monteiro foi o responsável pelo enredo “Cerimônia de casamento”, em 1993, e José Félix organizou nossos carnavais de 1994 a 1996, três enredos que formam uma espécie de trilogia.
Em 1997 e 1998, Ilvamar Magalhães foi o carnavalesco. Em 1999 e 2000, novamente José Félix colocou nossos carnavais na avenida. E entre 2001 e 2003, a Portela contou novamente com o talento do carnavalesco Alexandre Louzada, que, 15 anos depois, retornou à sua escola de origem.
Para o carnaval de 2004, a Portela teve à frente de seu barracão Jorge Freitas, ex-carnavalesco da Unidos de Vila Isabel que se consagrou como bicampeão do carnaval paulistano pela Escola de Samba Gaviões da Fiel.
Em 2005, ano de grandes mudanças em sua direção, a Portela optou por entregar o desenvolvimento do enredo “Nós podemos: oito idéias para mudar o mundo” a uma comissão formada por três carnavalescos: Nelson Ricardo, Amarildo de Mello e Orlando Jr, além de outros representantes da escola. Ainda durante os preparativos para o Carnaval, Orlando Jr. deixaria o grupo.
Amarildo de Melo continuaria na Portela por mais dois anos. Em 2006, em parceira com Ilvamar Magalhães, que retornava à escola depois de 8 anos, e em 2007, em parceira com Cahê Rodrigues.
Cahê Rodrigues assumiu o barracão da escola em 2008. E com um belo carnaval sobre a natureza, “Reconstruindo a natureza, recriando a vida: o sonho vira realidade”, recolocou a Portela nas Campeãs, com um 4º lugar, depois de 10 anos.
Em 2009, novas mudanças. Com a saída de Cahê, assumiu uma nova dupla de carnavalescos, Jorge Caribé e Lane Santana. E para falar de amor, nada melhor do que apostar na grande demonstração de amor dos portelenses pela Portela, que com outro grande desfile, garantiu o 3º lugar.
Para 2010, a Portela apostou numa nova dupla de carnavalescos: Alex Oliveira e Amauri Santos. Eles optaram por uma temática futurista a fim de retratar o enredo “Derrubando fronteiras, conquistando a liberdade… Rio de paz, em estado de graça!”, mas apesar da concepção com intuito revolucionário o enredo sofreu com problemas na execução dos carros e fantasias, rendendo um 9º lugar.
O ano de 2011 se iniciou com nova troca de carnavalesco: Roberto Szaniecki assinou o enredo “Rio, azul da cor do mar”, que entretanto não passou por julgamento devido ao incêndio da Cidade do Samba. Szaniecki também não ficaria para o carnaval de 2012, que foi assinado pelo talentoso Paulo Menezes. Com o enredo “…E o povo na rua cantando… É feito uma reza, um ritual…”, a escola retornou ao Desfile das Campeãs com o 6º lugar obtido.
O ano de 2013 marcou uma novidade na preparação artística do carnaval da Portela: pela primeira vez desde 2003 houve a continuidade de trabalho por um carnavalesco. Paulo Menezes permaneceu na escola e assinou o enredo sobre Madureira.
Os carnavais de 2014 e 2015 foram desenvolvidos por um antigo conhecido da escola, o carnavalesco Alexandre Louzada, que 30 anos depois de sua estreia na Sapucaí retornava à escola de Madureira.
Para o carnaval de 2016, num gesto de ousadia, a direção da escola trouxe o famoso carnavalesco Paulo Barros. Na Majestade do Samba, assinou o enredo “No voo da águia, uma viagem sem fim…”. Seu primeiro desfile foi aclamado por público e crítica, além de ser considerado por muitos como o melhor trabalho do carnavalesco que já havia passado na Sapucaí.
Em 2017 Paulo Barros assina seu segundo desfile na escola. “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio passar” foi o enredo que levou a Portela ao tão sonhado título, o viségimo segundo campeonato.
Com a inesperada saída de Paulo Barros, para 2018 uma nova ousadia. A escola anuncia a contratação da campeoníssima Rosa Magalhães. Com o enredo “De Repente de Lá Pra Cá e Dirrepente de Cá Pra Lá…” ela volta a escola, depois de 40 anos, em busca do bicampeonato para a Portela.
Paulo Barros com o troféu do título de 2017, ao lado do presidente de Honra da Portela, Monarco, e do presidente-executivo, Luis Carlos Magalhães (Fonte: Blog Bond Sergipe)