Dia de Nossa Senhora da Conceição
Dia de Nossa Senhora da Conceição
Nossa Senhora da Conceição e São Sebastião (Foto: Marcello Sudoh)
Na França, aconteceu a preciosa Manifestação Sobrenatural que revelou uma singular prerrogativa de Nossa Senhora: pela Vontade do Criador Ela foi concebida sem pecado (Imaculada).
Nossa Senhora apareceu dezoito vezes, para a humilde menina Bernadete, então com 14 anos. Na maioria das vezes, Nossa Senhora se manteve silenciosa, nada falava apenas sorria, sempre de maneira maternal.
Entretanto na manhã do dia 25 de Março de 1858, Bernadete sentiu estranha vontade de ir à gruta das aparições, era uma força estranha que nascia em seu interior, que não sabia explicar. Era muito cedo e fazia frio, seus pais lhe aconselharam a esperar o dia clarear. Às 5 horas da manhã pôs-se a caminho.
Depois de rezar o terço em êxtase, levantou-se e caminhou em direção à Aparição e conversaram:
– “Mademoiselle, quer ter a bondade de me dizer quem és, se faz o favor”?
A aparição sorriu, não respondeu.
Ela insiste na solicitação, a segunda e a terceira vez, obtendo como respostas um sorriso carinhoso e modesto de Nossa Senhora.
Mas Bernadete tinha necessidade de saber o nome Dela, precisava levar esta notícia ao Senhor Abade, que até então não tinha certeza do que se tratava, por isso, com mais amor e decisão insistiu uma quarta vez suplicando que Ela dissesse o seu nome.
Desta vez a Aparição não sorriu mais, ficou séria. As mãos que estavam unidas afastaram-se estendendo sobre a terra e depois novamente juntas à altura do peito, levantou os olhos ao Céu em sinal de profunda humildade e obediência a Deus e disse:
– “Eu sou a Imaculada Conceição”. Dito isto, desapareceu. Bernadete retornou a si e para não se esquecer das palavras, repetiu-as várias vezes em seguida, tropeçando nas letras que mal sabia pronunciar. Fugiu das perguntas das pessoas que vinham em sua direção e correu para a casa do Senhor Abade Peyramale. Lá chegando, antes mesmo de cumprimenta-lo gritou:
– “Que soy era Immaculada Councepciou” (no seu dialeto patois de Lourdes) “Eu sou a Imaculada Conceição”.
Com essas palavras, se confirmava o ato solene pelo qual o Papa Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, quatro anos antes, proclamara a Conceição Imaculada da Santa Mãe de Deus, com o dogma da Imaculada Conceição de Maria, o que afirma que Maria desde o primeiro instante de sua conceição (no ventre de sua mãe), por privilégio singular do Criador e atendendo aos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus e seu Divino Filho, foi preservada do Pecado Original.
No Brasil, Nossa Senhora da Conceição é muitíssimo adorada, e juntamente com Santa Bárbara, Nossa Senhora Aparecida e Santa Rita de Cássia figura entre as Santas mais populares. Com o forte sincretismo religioso que acompanha a grande maioria dos brasileiros, o mesmo que ora pede graças a N. Sra. da Conceição, reza para que Mamãe Oxum, o abençoe e o cubra de felicidade.
Oxum é a Senhora soberana das águas doces, na África, mora no Rio Oxum por grande parte dos cultos africanos tem correspondência com Nossa Senhora da Conceição. Todos os rios, lagos, lagoas e cachoeiras pertencem a este Orixá.
O casamento, o ventre e a fecundidade e as crianças são de Oxum, assim como, talvez por conseqüência, a felicidade. O ouro e o dinheiro em todas as suas espécies também o são, seu arquétipo são de pessoas graciosas e elegantes, com paixão por jóias, perfumes e vestimentas caras, em geral são pessoas extremamente vaidosas.
A Portela por meio de Dona Martinha, uma negra, de raiz africana, muito querida por todos, foi consagrada a Nossa Senhora da Conceição (Oxum), sua madrinha, e São Sebastião (Oxóssi), seu padrinho. Hoje, Nossa Senhora da Conceição é a padroeira da escola, e São Sebastião é o santo protetor de nossa bateria.
No popular, tem-se que os orixás influenciam sobremaneira seus filhos, baseado nisso, a Portela figura um exemplo bastante significativo, visto que, a preocupação em vestir-se bem está presente desde os primeiros anos da escola. Paulo da Portela, preocupado em livrar o sambista do estereótipo de “malandro” e “vagabundo”, impôs para o grupo o que ficou conhecido como “cabeça e pescoço tapados”, isto é, exigia obrigatoriedade de o portelense trajar chapéu e gravata.
“Eu sou vaidosa
eu sou assim, vaidade não tem preço,
mas eu tenho seu apreço,
pois você gosta de mim…”
Tal vaidade com o passar do tempo foi tornando-se cada vez mais uma marca do portelense e dos desfiles da Portela, que até os dias de hoje não abre mão de se vestir com luxo e extremo bom gosto. O portelense ao envergar a sua fantasia de imediato demonstra todo o garbo e orgulho de ser portelense: a coluna parece mais ereta e o pescoço mais ao alto, com olhar indo além do horizonte.
Vistosa, vaidosa, amorosa…tantos adjetivos descrevem Oxum. Mas aquele que melhor o faz é: Mãe. E a Portela tem bem este quê de matriarca, sendo uma das escolas mais antigas em atividade, a Portela é a Madrinha. Sua águia altaneira e seu manto azul e branco abençoam a todos os sambistas dando a todos nós a sensação de estarmos acolhidos, protegidos, aninhados. Ela é a Majestade do Samba e toda Rainha carrega também o posto de Matriarca.
Salve Nossa Senhora da Conceição!
Ora yè yè ô, Mamãe Oxum!
Salve nossa querida Portela!
Autor: Hélio Luna Jr.