13/05/2024
Anos 30Outros Carnavais

1937

1937
O Carnaval

O carnaval de 1937 aconteceu meses antes do golpe do Estado Novo, e os primeiros sinais das mudanças políticas puderam ser verificados.

O Departamento de Turismo, sob direção do Doutor Wolf Teixeira, havia marcado o desfile para a Praça XI. Mais uma vez, o sonho dos sambistas de desfilarem na imponente Avenida Rio Branco tinha sido adiado. Trinta e duas agremiações se inscreveram para o evento.

Novamente Paulo não poderia dedicar-se integralmente a sua escola, que mais uma vez sentiria a falta de seu maior líder. Sem a participação ativa de Paulo e com a saída de Caetano, que desde o ano anterior deixara a escola, Benício, Lino Manuel dos Reis, João da Gente, Alcides Lopes, Manoel Bam-Bam-Bam e Rufino ainda buscavam uma forma de se organizarem. Devido aos problemas, Lino escolheu um enredo simples para desenvolver: o carnaval, onde tudo era válido.

O povo, fantasiado e bastante animado, lotou o tradicional ponto de encontro dos sambistas. Paulo vinha à frente da Portela, 10ª escola a desfilar, que mais uma vez cantou sambas que já eram conhecidos por todos. O cidadão-samba foi imediatamente aclamado pelo público, colocando a Portela, apesar de tudo, na briga pelo campeonato.

Luzes apagadas

Alheio à grande festa que as agremiações estavam fazendo e à alegria do povo que presenciava o espetáculo, o delegado Dulcídio Gonçalves, o mesmo que dois anos antes tinha exigido a mudança do nome da Portela, ordenou, para espanto de todos, que as luzes fossem apagadas, que os cordões fossem retirados, que os policiais deixassem o local e que o desfile fosse encerrado. Nada menos que metade das escolas faltava se apresentar, entre elas a tradicional Estação Primeira de Mangueira, o Prazer da Serrinha e a Unidos da Tijuca, campeã do ano anterior.

A comissão julgadora, nomeada pelo conselho de turismo e composta por Raul Alves, de “A Pátria”, Carlos Ferreira, de “A Batalha”, Abílio Harry Alves, do Departamento de Turismo, e Lourival Pereira, de “O Jornal” (o jurado Romeu Arede estava selecionado mas não compareceu), julgou as escolas que se apresentaram e declarou campeã a Vizinha Faladeira, da região portuária do Rio de Janeiro. A Portela ficou com a segunda colocação, apesar de alguns críticos considerarem que ela deveria ser a campeã, pois apresentou um desfile dentro das características de uma verdadeira escola de samba, ao contrário da simpática escola da zona portuária do Rio de Janeiro.

A Vizinha levou para a avenida instrumentos de sopro, aproveitando-se de o regulamento desse ano excluir a proibição a eles, a carros motorizados, cavalos e outras coisas que descaracterizavam uma escola de samba. Com certeza, se o regulamento dos anos anteriores não restabelecesse alguns pontos que hoje caracterizam uma escola de samba, o carnaval teria tomado um outro rumo.


Ficha Técnica:

Resultado: 2ª Colocada do Grupo 1, com 175 pontos
Data, Local e Ordem de Desfile: 07/02/37, Domingo, Praça XI
Autor do Enredo: Lino Manuel dos Reis
Presidente: 
1º Casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira: Dodô e Manoel Bam-Bam-Bam
Bateria: Mestre Betinho

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