Candeia
70 Anos de Candeia!
Este ano de 2005 marca três datas importantes na história da cultura popular carioca:
– 70 anos do primeiro concurso oficial de escolas de samba – vencido pela Vai como Pode (que se chamará Portela, a partir de então);
– 70 anos do nascimento de Candeia;
– 30 anos de fundação do GRANES Quilombo.
Desnecessário estabelecer a relação entre essas três datas, porque são fundamentalmente portelenses.
A respeito do primeiro título portelense, o carnaval de 2005 será lembrado como o ano em que a Portela entrou na avenida sem os seus maiores símbolos: a Águia, os Compositores e a Velha Guarda. Emblemático? Sem dúvidas. Mais parece, lembrando do genial escritor russo, “Crime e Castigo” por tamanho desprezo pelo passado da Escola.
Já sobre Candeia e o Quilombo, muito temos a comemorar e lembrar, sobretudo, suas preocupações, seus sonhos, sua liderança e sua postura visionária. Nunca alheio às transformações de seu tempo e de seu lugar, esse personagem é rica fonte para se conhecer um pouco mais a cultura carioca (e brasileira) e as “expressões negras”.
Sempre exposta de forma clara, objetiva e honesta, toda a obra de Candeia se construiu sobre a incessante luta na defesa do sambista e sua cultura. Longe de significar purismo, xenofobia ou discriminação, a postura de Candeia como poeta e revolucionário sempre se pautou pela inclusão. Por isso, denunciou o segregacionismo a que os sambistas vinham/vêm sendo submetidos. E sua imensa preocupação com o destino de nossas escolas de samba. Profecia?
Para Candeia, a arte sempre esteve ao lado da cidadania. É, sem exageros, mais um líder negro do Brasil.
A Equipe Portel@web quer render homenagem a este grande portelense para que seu nome e sua obra não caiam no esquecimento.
Por isso, inicia o Especial Candeia, que será construído ao longo de todo o ano que se inicia hoje com o texto do link “Panteão Portelense” e esta apresentação. Esperamos, desse modo, poder tornar acessível aos internautas o legado deixado por Candeia “ao povo em forma de arte”.
Axé!
Equipe Portelaweb – 2005
Pesquisa e criação de texto: Rogério Rodrigues
Parte 1 – A chama não se apagou
No último dia 19 de agosto, sábado, o Grêmio Recreativo Arte Negra Escola de Samba Quilombo ressurgiu para a mídia em grande estilo: comemorou os 71 anos de nascimento – completados no último dia 17 – de seu idealizador e um dos fundadores, Antônio Candeia Filho.
O evento reuniu bambas como Monarco e Rubens Confete que, acompanhados pelo renomado grupo ExportaSamba, deram excelentes canjas para o público. Monarco, sempre preciso na seleção de repertório, escolheu sambas de Candeia e parceiros. Já Confete brindou o público com sambas-de-enredo antológicos. Também estiveram presentes antigos diretores da escola como o portelense Waldir 59, Cláudio Camunguelo, Arlindo Cruz e Felipão.
Desde que Candeia se foi, a Quilombo vinha se mantendo com muita dificuldade, tendo, inclusive, mudado sua sede. Foi ali, no meio da Fazendo Botafogo, em Acari, na rua Ouseley, 810, que os quilombolas mostraram sua força e resistência. Continuam lá, levando adiante os projetos, os sonhos, a dignidade. As escolinhas de capoeira, de danças populares, as iniciativas de geração de renda. A quadra, ampla e bem cuidada, na medida do possível, continua sendo guardada por Nossa Senhora da Conceição, para sempre Oxum – Ora yeyeu!
Não esmoreceu enquanto Pedro Carmo dos Santos esteve à frente. Abre perspectivas promissoras com a gestão de Jorge Coutinho e o auxílio de todos que se mantiveram fiéis ao seu grande líder.
Quilombo está aí: firme e forte, guardada pelos orixás e zelado pelos homens de boa vontade.
Axé!
Equipe Portelaweb – 2005
Pesquisa e criação de texto: Rogério Rodrigues