Alexandre Louzada
Alexandre Louzada
2003 (Foto: RJTV)
O carnavalesco Alexandre Louzada responde a perguntas de internautas. Quando deu essa entrevista, Louzada estava envolvido na criação das fantasias de 2003, que, atendendo a um pedido da escola, teriam que ser pequenas e leves.
Internauta: Alexandre, o que fazer para trazer a Portela para o seu merecido lugar? Existe alguma chance de ficar pelo menos entre as 5 primeiras no próximo ano? Cinelândia vai dar samba?
Alexandre Louzada: Cinelândia dá samba sim, mas é preciso mudar o sistema de julgamento.
Internauta: Louzada, você vem cumprindo o que prometeu ao assumir a Portela em 2001, trazendo o orgulho e a auto-estima de nós portelenses de volta e mudando a cara da escola. Entretanto, como vimos este ano, a Portela vem sendo preterida, mesmo que injustamente, pelos julgadores em quesitos que dizem respeito à criação do carnavalesco, como enredo, fantasias e alegorias. O que pode ser feito para resgatar esse prestígio?
Alexandre Louzada: Antes do desfile, um julgador veio ao nosso barracão e elogiou bastante o nosso enredo. Na hora de julgar, tirou pontos por eu ter seguido à risca o que tinha colocado na justificativa. Não existe critério. Fantasia é uma tarefa árdua, muitos presidentes de ala não fazem seu trabalho corretamente.
Internauta: Muitas vezes a fantasia não é entregue da maneira que o componente a vê no protótipo. Na Portela existe algum grupo ou comissão responsável pela fiscalização da elaboração das fantasias? E se existe, por que isso não funciona?
Alexandre Louzada: Sempre existiu e realmente não funcionou, mas nós estamos trabalhando para melhorar. Algumas alas da Portela, para continuarem na escola, precisam trocar o ferreiro, sapateiro, entre outros fornecedores. Caso contrário, a escola estará preparada para assumir, além das 14 já acertadas, essas também.
Vou dar um conselho para vocês, internautas: comprem suas fantasias e liguem para o carnavalesco.
Internauta: Você já foi campeão do carnaval pela Mangueira. O que você achou que deu certo e traria de lá?
Alexandre Louzada: Nesse mesmo problema das fantasias, os presidentes de ala da Mangueira cumprem à risca o que foi pedido pelo carnavalesco. A única ala que na época me trouxe problema já foi cortada. A maioria dos presidentes de ala portelenses tem alas em outras escolas.
Internauta: Quais foram as justificativas dos jurados para as notas dadas à Portela em 2002? Você considera que realmente os problemas apontados aconteceram?
Alexandre Louzada: Alguns aconteceram, mas os jurados foram drásticos demais, pois não existe escola perfeita.
Internauta: Quais os aspectos positivos que você destacaria nesse último carnaval?
Alexandre Louzada: O componente portelense está entendendo as mudanças e está ajudando, como mostram essas perguntas.
O desempenho dos componentes está sendo muito bom. O povo da comunidade está de volta, a Portela está voltando a ter uma comunidade.
Ao longo de sua história, a Portela sempre foi uma escola inovadora e está voltando a ser. O trabalho do pessoal de Parintins, que esteve em várias escolas em 2002, na Portela deu certo.
Internauta: Você acha que a Portela precisa se modernizar?
Alexandre Louzada: A modernização está acontecendo. Você pode ver isso no rosto dos componentes.
Internauta: Um enredo falando sobre a Cinelândia é muito rico. Você irá optar pelo luxo ou pela originalidade?
Alexandre Louzada: Luxo e originalidade são duas coisas que precisam caminhar juntas. A Portela está passando por um período de transformação. A originalidade pode dar certo na Mangueira, que tem um desfile marcado pela emoção. A Portela ainda precisa trabalhar para resgatar isso.
Internauta: Por que Paulinho da Viola não foi enredo?
Alexandre Louzada: Pode cobrar a resposta no sábado das campeãs.
Internauta: A Portela vem colorida em 2003?
Alexandre Louzada: A Portela vem colorida e azul. Para cada 10 alas azuis existem 3 coloridas. É assim que a Portela vem.
Internauta: E como será o setor referente à política?
Alexandre Louzada: Política é um tema que eu gosto muito de abordar. Gostaria de ter feito mais coisas sobre esse tema. Vamos mostrar os escombros do Palácio Monroe, figura de trabalhadores, placas de protesto, tanque do exército e a cobra naja fumando, símbolo dos pracinhas, que desfilaram na Cinelândia.
Portelaweb: Um internauta elogiou muito seu trabalho e disse que acha seus carros bonitos, bem iluminados, de bom acabamento, porém pequenos para os desfiles de hoje em dia. O que você responderia para ele? Você considera os carros pequenos?
Alexandre Louzada: Ter os carros daquele tamanho foi uma decisão da diretoria. Para 2003, tenho problemas pelo tamanho do barracão, mas teremos carros maiores e mais largos. Podem aguardar.
Internauta: E a equipe de Parintins, continua?
Alexandre Louzada: Continua sim. O trabalho deles é muito bom. Em 2003, além do Jair Mendes, teremos o Jairzinho Mendes, que aqui no Rio trabalhava para a Mocidade. Eles já estão trabalhando.
Aliás, o barracão está bastante adiantado. No início de setembro, já tínhamos quase todo o trabalho de madeira pronto. Muitas esculturas também já estão prontas. Ano que vem a Portela trará muitas esculturas. Só de mão-de-obra são R$ 178 mil. Estamos trabalhando com o que há de melhor.
Internauta: E que outras novidades os carros da Portela terão?
Alexandre Louzada: No carro do carnaval, por exemplo, teremos um bonde, os carros do corso, um Rei Momo que bate o tambor, esculturas de fantasias de antigos carnavais, como caveiras, diabos e pierrot, o arlequim “passando a mão” na colombina… tudo se mexendo. Neste setor, ainda faremos uma homenagem a todas as escolas de samba.
No carro do Museu Nacional de Belas Artes, teremos um grande pintor.
No carro do Teatro Municipal, vamos fazer um minucioso trabalho de cenografia, mesclando elementos da parte externa e da parte interna.
No carro da política, como eu falei, vamos partir dos escombros do Monroe e colocar tanques de guerra, protesto e a cobra símbolo dos pracinhas.
No carro do Cinema, vamos apresentar o Oscarito e o Grande Otelo.
E vamos fechar com o Amarelinho, onde deverá vir a Velha Guarda Show e nomes importantes da cultura carioca, como o Lan. Temos a idéia de colocar esse carro oferecendo chope para o público.
Todos os carros terão um minucioso trabalho de cenografia, não há maquetes.
Internauta: E a Águia?
Alexandre Louzada: A Águia será cinematográfica. Além de todos os movimentos de 2002, terá outros novos.
Internauta: As alas de comunidade, em 2002, devolveram o chão da escola. Esse trabalho vai continuar?
Alexandre Louzada: Não apenas continuar, como também vamos ampliar. Serão ao todo 14 alas vestidas pela escola.