LP de 1971 – Sambas de Terreiro
LP de 1971- Sambas de Terreiro
Portela, Carnaval 71
Idealizado e produzido por Carlos Elias, Armando Pederneiras e Marco Antonio Ramos, através da RPM (Rio Produções Musicais) este é o primeiro LP de sambas de terreiro da Portela. Os três eram Integrantes do Departamento Cultural da Escola e realizaram no dia 18 de julho de 1971, a final do “I Torneio de Sambas de Terreiro”, tendo como participantes os componentes da Ala de Compositores. O “I Torneio” durou três finais de semana e foram para final 12 sambas nas categorias “samba de terreiro” e “samba de partido-alto”.
O objetivo era selecionar sambas para que fossem tocados durantes os ensaios em Osvaldo Cruz e no Mourisco, em Botafogo. Mas a idéia acabou virando um LP, gravado sobre a promoção da Associação das Escolas de Samba da Guanabara (AESEG). Contudo, para não haver problemas de direitos autorais, nenhum samba cantado na final do “I Torneiro” fez parte do LP.
Com ilustração do cartunista Ernani, coordenação de Jair do Cavaquinho e Carlos Elias, supervisão de Aroldo Bonifácio, o LP traz 11 faixas, com acompanhamento de Casquinha no surdo e tamborim, Joãozinho no pandeiro, Jorge Porém no tamborim, Cabana na cuíca, Ronaldo no surdo e tumbadora, Romildo no surdo, Jorge José no chocalho, Jair no cavaquinho, Noca no violão e côro de Isa, Teresinha, Iara, Diocléa, Carmelita, Edir, Jorge José, Carlos Elias, João Eudes, Colombo e Noca.
Lado A
“Samba na Realidade”, de Jair do Cavaquinho, cantado pelo próprio, é a primeira faixa do LP. Membro da Velha Guarda, Jair do Cavaquinho nasceu em Osvaldo Cruz e, aos 15 anos de idade, já era o primeiro cavaquinista da escola.
Na faixa 2, Garôto interpreta sua obra “Tempo de Amor”, um samba canção. Jorge José traz na faixa 3 “Recordando” de sua autoria, com solo de cuíca e côro de pastoras.
“Voltarei de Madrugada”, de Casquinha e David do Pandeiro é a faixa 4, um partido-alto com improvisação fixa. Canta Casquinha que também é o autor do samba-enredo da Portela de 1953, “Brasil, Pantheon de Glórias”. David do Pandeiro é mais um grande nome da escola. Estava a sete anos na Portela quando o LP foi gravado.
Vindo da Beija-Flor, Cabana consegue uma vaga na Ala de Compositores e fica na Portela até 1973. É ele mesmo quem canta a faixa 5 “Carnavais Passados”. A chegada de Cabana não provocou grandes problemas na escola uma vez que a Portela é madrinha da Beija-Flor.
De Ary do Cavaco e cantado pelas famosas pastoras de Osvaldo Cruz, “Velha Portela” é a faixa 6 um dos mais conhecidos sambas de terreiro da escola. Ary foi um dos autores dos samba-enredos de 1969, “Treze Naus”, 1971, “Lapa em Três Tempos”. Veio a vencer ainda mais 4 disputas de samba-enredo.
Lado B
“Maria”, de Jorge Porém, abre o lado B deste LP. Jorge virou Jorge Porém depois de colocar um caco no samba de Paulinho da Viola, “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”.
Na faixa 2 aparece “Festa das Flores” de João Eudes e interpretado por ele mesmo. Na sequencia, Joãozinho da Pecadora canta “Portela Maravilhosa”. Ele havia vencido o concurso na “categoria partido-alto”, mas com o samba “Conversa Fiada”. Por isso foi chamado para gravar uma faixa neste LP, com composição diferente dedicada mais à Portela.
“Recordações” é a faixa 4 de Carlos Elias. Ele foi o produtor musical deste LP e era o vide-presidente da Ala de Compositores na época.
Encerrando o trabalho, vem “Devagar” de Noca, Colombo e Edir, todos três do famoso “Grupo ABC”. Noca viria a vencer outros cinco sambas-enredo na Portela, três deles com Colombo na parceria.
Muito procurado na época – a Portela tinha sido a campeã do carnaval de 1970 e vice-campeã do carnaval de 1971 – o LP, hoje, é uma raridade.
Pesquisa e texto: Marcello Sudoh