29/04/2024
EntrevistasMemória

Nilo Sergio

Nilo Sergio

2005 (Foto: Henrique Matos)

Mestre Nilo Sérgio Santana é carioca, tem 26 anos e começou no mundo do samba no Bloco Boêmios de Irajá. Freqüentava a casa  de Mestre Fuleiro e via Beto Sem Braço fazer samba batucando em caixas de fósforos. Foi levado para o Império do Futuro por Mestre Faísca, em 1990.

Em 1991, desfilou no Império e estreou na Portela tocando agogô, sob a direção de Mestre Timbó. De lá pra cá, Nilo tocou caixa, surdo de primeira e surdo de terceira.

Em 2003, foi convidado por Mestre Carlinhos Catanha para compor a diretoria de uma das baterias mais tradicionais do carnaval carioca – a Portela, e em novembro deste ano passou a assumir a direção-geral.

 

Portelaweb: Nilo, como está indo o início do seu trabalho? Você tem alguma preocupação?

Nilo: Preocupação não tenho porque todo mundo na Portela já me conhece. A rapaziada – tanto os novos quanto os antigos – me acolheu muito bem. Lógico que eu não me considero um mestre. Eu “estou” mestre e agarrando esta oportunidade que me foi dada pela escola.

 

Portelaweb: E na diretoria, quem você colocou?

Nilo: Coloquei o Junior nas caixas, o Bombeiro nos surdos, o Vinícius nos tamborins, o Mussum e o Eloi no repique, e o Orlando como administrador.

 

Portelaweb: Com quantos ritmistas você pretende desfilar em 2006?

Nilo:  Com duzentos e oitenta ou duzentos e setenta. Não vou chegar a trezentos, não.

 

Portelaweb: E como você vai distribuir esse pessoal dentro da bateria?

Nilo: Nós devemos sair com 12 primeiras, 13 segundas e 15 terceiras. São 40 surdos no total. As caixas devem vir umas 110, mais 30 repiques e 30 tamborins. Aliás, o naipe de tamborins é o mesmo que o Marçal (Mestre Marçalzinho) deixou. Mas pode aumentar.

 

Portelaweb: E paradinha, vai ter?

Nilo: Vamos fazer uma paradinha na cabeça do samba. Nós temos que arriscar por causa do julgamento. No segundo recuo vou manter a entrada da bateria de ré, que é mais fácil.

 

Portelaweb: O alinhamento dos surdos da Portela mudou com o Marçalzinho. Ele colocou primeiras e segundas intercaladas como a maioria das baterias. E o Nilo, vai fazer como?

Nilo: Vou manter esse alinhamento cruzado porque acho que no alinhamento tradicional da Portela – primeiras de um lado e segundas do outro – demora um pouco para a resposta chegar (para que um surdo responda o outro). Por isso, resolvi manter o alinhamento novo. Mas no que diz respeito ao andamento, viremos mais cadenciados. Estamos discutindo isso ainda com a diretoria, mas se depender de mim, vou querer mais cadência.

Portelaweb: Se o desfile fosse amanhã, onde seria o ponto fraco da bateria?

Nilo: As caixas. A gente precisa fortalecer as caixas.

 

Portelaweb: E o ponto forte?

Nilo: São as marcações, os surdos. Esse é um setor em que eu estou tranqüilo. Os surdos são a elite da bateria. E eu gosto muito das marcações da Portela. O Paulinho de Pilares, que foi Mestre aqui e hoje está na Beija-Flor, é quem sempre diz que acha lindo esse setor da Portela.

 

Portelaweb: E depois dessa mudança toda, como é que você está encarando?

Nilo: É… foi uma surpresa. Todo mundo diz que eu sou o Mestre mais jovem do grupo especial. Tem muita gente que não acredita, que diz que eu sou muito novo e que a responsabilidade é muito grande. Isso tudo é verdade. Eu sou novo e a responsabilidade é grande. Mas a gente tem que começar algum dia e por algum lugar. E eu estou recebendo apoio de muita gente. Veja o próprio Marçal. Ele se afastou por causa do trabalho, mas disse que está aí para me ajudar.

 

Portelaweb: Mas ele brigou com a diretoria?

Nilo: Não. Ele se afastou por causa do trabalho, não houve nenhum tipo de desentendimento. E eu aceitei esse desafio para que a bateria não caísse nas mãos de pessoas de fora da Portela. Para que o grupo continuasse unido porque somos todos portelenses e falamos a mesma língua. O dia que o Marçal quiser voltar e a escola quiser, ele pode voltar, porque eu não tenho vaidade. Nós não podemos ter vaidade porque o mais importante é a escola. O mais importante é a Portela.

 

Entrevista concedida em novembro de 2005 à Marcello Sudoh.

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