16/05/2024
MemóriaPanteão portelenseVelha Guarda

Osmar do Cavaco

OSMAR DO CAVACO

Pandeiro, tantã e tamborim estão em seus lugares. A cerveja, quase gelada. Os saborosos quitutes estão acabando de sair do fogão. É mais uma gostosa roda de pagode sendo preparada. E lá vem um senhor sorridente, trazendo consigo um cavaquinho. Pronto, agora já pode começar, não falta mais nada. Osmar do Cavaco já chegou, trazendo, principalmente, sua alegria.

 

O sambista do Caju

Osmar Procópio da Silva, o Osmar do Cavaco, nasceu no bairro do Caju, em 10 de janeiro de 1931. O talento foi herdado de família. Seu pai, Laudelino Procópio da Silva, o Lalau, era músico e tocava com os principais chorões da cidade. Evidentemente, foi a primeira grande inspiração musical do filho, exemplo naturalmente seguido.

 

O contato com os grandes mestres

Se não bastasse a herança paterna, o jovem Osmar acompanhava o pai nos encontros musicais com grandes mestres, entre eles Jacob do Bandolim e Pixinguinha. Mesmo contra a vontade de “seu” Laudelino, o destino de Osmar já estava traçado: iria se dedicar à música, espalhando o que aprendera em casa e nos contatos com alguns dos maiores gênios da música popular brasileira.

 

Conhecendo a Portela

Aos 18 anos mudou-se para Marechal Hermes. Foi para a Portela levado por Casquinha, e a identificação com a escola foi imediata. Criou logo um importante círculo de amizade, laços que seriam mantidos até o fim de sua vida.

Foi o primeiro cavaquinista da Portela, responsável pelo acompanhamento do intérprete durante o desfile, de 1971 até 1987. Entrou na Velha Guarda atendendo a um pedido de Paulinho da Viola. Logo, se tornaria uma das figuras mais carismáticas do grupo.

 

O reconhecimento do pai

O pai não queria que o filho tocasse, tinha medo que tivesse uma vida boêmia e passasse dificuldade. Foi apenas em 1971, ao ouvir o filho acompanhando o samba “Lapa em três tempos”, que levaria a escola ao ao vice-campeonato daquele ano, que o pai reconheceu que o filho era um grande músico e deveria seguir a muitas vezes conturbada carreira artística.

 

Um tradição de família

Da mesma forma que herdou do pai o dom da música, seu filho, Sérgio Procópio da Silva, também recebeu da família o talento musical. Serginho substituiu o pai no conjunto da velha guarda e é o mais jovem integrante do grupo musical que mantém viva a tradição dos antigos portelenses.

 

As rodas celestiais

Osmar do Cavaco faleceu no dia 05 de fevereiro de 1999. Talvez os grandes mestres do samba, em suas rodas celestiais, estivessem ressentindo de sorrisos sinceros. Talvez o céu estivesse chato, e o pagode sem graça. Talvez os “causos” e histórias já estivessem se esgotando. Pronto, agora já pode começar, não falta mais nada. Osmar do Cavaco já chegou, trazendo, principalmente, sua alegria.

 

Pesquisa e criação de texto: Fábio Pavão

Bibliografia:

VARGENS, João Baptista M & MONTE, Carlos. A Velha-Guarda da Portela, Rio de Janeiro, Manati, 2001.

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